quarta-feira, 28 de junho de 2017

Trekking no Peru (Parte 1) - Cidade de Cusco

Em março de 2016, vislumbrei uma viagem diferente de todas que já havíamos feito, queria algo diferente, algo que ao mesmo tempo que fosse desafiador, fosse também apaixonante. Nunca tínhamos saído do Brasil, nunca havíamos acampado por por mais de uma noite, não éramos experientes, éramos apenas um casal de aventureiros a procura de novas descobertas.
Impulsionado por um sentimento que corre em nosso sangue e implora por liberdade, sentimento esse que vive aprisionado pela rotina diária de nossas vidas, comecei a expandir meu conceito de possíveis viagens. Sabia que o mundo que conheço não existe para grande parte da população mundial, somos aprisionados em uma ilusão de liberdade de uma realidade limitada à até onde nossa rotina nos permite ir. Nesse contexto, nossa essência humana fora cegada e domada para que pudéssemos viver em uma falsa felicidade. Mesmo assim, essa essência ainda sussurrava em nossos ouvidos e, levado por esses sussurros que me deparei com a aventura realizada pelo caminho Salkantay, no Peru, o qual nos levou a Machu Picchu.
Nesse post vou descrever todos os detalhes sobre essa viagem, sobre o sentimento de estar em outro país, sobre a longa trilha de mais de 80 quilômetros, os perrengues de chuvas, deslizamentos, cansaço, abelhas, mas também sobre as amizades que fizemos pelo caminho, os lugares deslumbrantes, o prazer da conquista e muito mais. Ao final, deixaremos um resumo com todas as dicas para aqueles que não tem paciência de ler.

Antes da Viajem

Essa seria a nossa primeira viajem no estilo mochileiros. Foi escolhida quase que por acaso, quando  procurava pela internet por uma experiência para ser feita fora do Brasil em nossas férias. Encontrei um site sobre Machu Picchu que descrevia vários tipos de trilhas que levavam até lá. Fernanda estava deitada no sofá, eu pesquisando no notebook na escrivaninha ao lado, foi quando olhei pra ela e perguntei:
- O que acha de uma trilha de 3 ou 5 dias para Machu Picchu?
Ela se assustou e me olhou desconfiada:
- Como assim?
Virei o notebook em sua direção e mostrei o site que tinha achado da agencia que fazia o percurso.
- Topa?
Segundos depois, com um sorriso ansioso, ela disse:
- Topo!
Foi ai que nossa aventura começou a se tronar real.
Pela internet, querida internet, pesquisei por agencias que ofereciam o trekking guiado, como era nossa primeira aventura mochileira essa escolha, a na minha opinião, era a mais sensata, pois quando falta experiência é melhor estar com pessoas experientes.
Pelo meu imaginário já começou a ser criado todo tipo de possibilidades dessa viagem, isso me fazia se debruçar ainda mais em pesquisas.
Nossas férias estavam marcadas para março e na primeira oportunidade de promoção de passagens aéreas para Cusco não hesitei em compra-las, mas havia um pequeno porém, não haviam voos com conexão direta do Brasil para Cusco, como também não encontrei voos diretos de Brasília para Lima na promoção. Eu queria gastar o mínimo possível para comprar as passagens aéreas, pois a minha intenção era ter uma boa quantia de dinheiro para usar no Peru, então, juntamente com a Nanda, escolhi um voo com conexões em São Paulo e Lima para o dia 1º de março.
Foram três meses de planejamentos, bem, não sei se é exagero nosso, mas não gostamos de pagamentos adiantados por passeios, então, quando encontramos uma agência interessante em Cusco (https://cuscoperuviajes.com) que organizava o trekking, enviei um e-mail solicitando todas as informações e pedindo para realizar o pagamento do passeio quando estivéssemos na cidade, tão logo a agencia nos respondeu e fechamos o pacote do trekking Salkantay e Machu Picchu em 5 dias com apoio de dois guias, barracas já montadas para dormir, café da manhã, almoço, janta e um burro para carregar até 5 quilos de nossa bagagem, incluía também uma diária em um Hostel de Águas Calientes, cidade situada ao pé da montanha de Machu Picchu, a entrada em Machu Picchu e a volta para Cusco de trem.
Com tudo programado, fomos na loja de artigos esportivos comprar nossas mochilas, escolhemos duas da Nord, uma de 75 litros para mim e para a Nanda uma de 65, compramos também dois sacos de dormir, também da Nord e a Nanda comprou um par de tênis de Trekking, também adquirimos algumas blusas, faltavam as jaquetas impermeáveis que encontrei online na loja da Decatlhon. Foram duas semanas para estarmos "preparados".
Fizemos o planejamento da viagem da seguinte forma: Chegaríamos em Cusco 3 dias antes do trekking, então precisaríamos nos hospedar em algum hostel, faríamos o trekking de 5 dias e ficaríamos mais 4 dias em Cusco. A decisão de chegar 3 dias antes foi para podermos nos ambientar a altitude e assim não nos sentirmos mau durante o trekking.
Como, por opção própria, nós não gostamos de pagar nada antecipado, procuramos no site boobking.com um hostel de Cusco que não cobrava nada antecipadamente, então encontramos a Casa Ananta, que fica próximo ao estádio, com um preço muito bom. Como tínhamos mais 4 dias em Cusco após a aventura, reservamos mais outro hostel, mais próximo ao centro e sem pagamento antecipado, o Mirador de Carmenka Santana, tudo pelo booking.com.

A viajem de ida

No dia primeiro de março de 2016 partimos para a nossa primeira viagem internacional como mochileiros, a ansiedade parecia eclodir de nossos corpos, mas nos mantínhamos centrados.
Uns dias antes da viagem, decidi por trocar o dinheiro que tínhamos em reais para dólares, pois, na época, o dólar estava valendo muito mais que a moeda brasileira e era mais valorizado que o real na moeda peruana, então procurei uma casa de câmbio onde consegui comprar dólares a R$ 4,10.
Nossa pontualidade nos fez chegar bem antes do horário, o aeroporto não estava cheio e o embarque foi bem tranquilo, nossa primeira para da seria São Paulo.
Chegamos em São Paulo por volta das 22 horas pelo aeroporto de Guarulhos, lá enfrentaríamos uma longa espera pela madrugada, pois o nosso voo para Lima seria as 7 horas da manhã. Foi a primeira vez que precisamos passar a madrugada em um aeroporto. Rodamos pelos seus extensos corredores, a medida que as horas iam passando o lugar parecia cada vez maior, o fluxo de pessoas foi diminuindo e o silencio começava a tomar conta, foram 9 horas de espera pela madrugada para pegar o voo para Lima as 7 horas da manhã, foi um longa e cansativa noite, mas o voo saiu no horário e assim que deu 7 horas da manhã já estávamos com as mochilas despachadas e sentados nos nossos assentos dentro do avião.
Lembro que antigamente, em voos de avião, a companhia aérea costumava servir um banquete durante a viagem, tanto as refeições quanto os lanches eram maravilhosos, hoje, apesar da viagem ter sido muito tranquila, o lanche que serviram, um mini pacotinho de salgados acompanhado de café, ou suco de caixinha ou refri, foi decepção.
Ao cruzar os ares de Lima perguntei para a Nanda que horas eram, ela olhou em seu relógio de pulso e disse:
- Duas da tarde.
Tomei um susto, tirei a passagem da conexão de Lima para Cusco do bolso da mochila e olhei os dados. Esqueci que havia fuso horário e o voo para Cusco saia de Lima as 14 horas, como que, antes de pousarmos em Lima, já eram 14 horas? - Perdemos o Voo? - Perguntei para Nanda, que me olhou assustada. Um pequeno frio na barriga surgiu, mas não nos preocupou muito, pois havíamos comprado as passagens com apenas uma companhia e se houvesse problemas nas escalas eles iriam nos colocar em outro voo. Descemos no aeroporto de Lima e corremos para pegar nossas mochilas e despacha-las novamente, nem deu tempo de conhecer a cidade. Foi ao chegar no guichê e entregarmos as passagens que percebemos então que não havia atraso nenhum, pois no horário local ainda eram 13hs, um alivio tomou lugar do frios na barriga.
Aeroporto cheio, pessoas diferentes, ar diferente, mesmo de olhos fechados podiamos saber que não estávamos em casa. A sensação é que cada país tem sua própria essência, sua própria vibe, uma energia diferente. O aeroporto de Lima é meio estranho, pois pra sair do guichê e ir para a ala de embarque nacional, tivemos que sair para o lado de fora e entrar no aeroporto novamente por outra porta. Dentro do aeroporto há uma cerca de ferro dividindo o imenso salão. Caminhamos para um ala menor do aeroporto, mais ao canto, onde era o portão de embarque para o avião que nos levaria a Cusco, gastei alguns dólares no aeroporto comprando algo para comer, pois o lanche que recebemos no voo anterior não fora suficiente, e então, aguardamos na fila conversando com um argentino que também estava indo conhecer Cusco.

1º Dia - Cusco

Olhando pela janelinha do avião vislumbrávamos as primeiras paisagens montanheiras de Cusco, faltava alguns minutos para pousarmos e a vista lá do alto já nos dava alguma ideia de como seria nossa aventura. Estávamos excitados com tudo aquilo.

Vista aérea do Peru
Ao descermos do avião e pegarmos nossas mochilas, a primeira coisa que procuramos foi onde trocar nossos dólares por soles - moeda local -, no aeroporto mesmo há uma casa de câmbio, que acreditamos ser a mais confiável, foi lá que fizemos nossa troca e acreditando que o dólar poderia subir de valor em relação ao sole não trocamos todo o dinheiro. Procuramos também local de informação turística para pedir informações básicas da cidade e um mapinha, o mapa da cidade é essencial para nós, pois não é sempre que o smartphone estaria disponível. Uma moça nos ajudou anotando no mapa os locais mais interessantes e também onde fica o hostel Casa Ananta, onde ficaríamos.
Saímos do aeroporto, era um dia muito quente, vários taxistas nos ofereciam seus serviços, nessa viajem percebemos que os perueños adoram negociar valores e fazem de tudo pra ganhar o cliente, não é diferente com os taxistas, mas para a tristeza deles somos mochileiros, analisamos o mapa e resolvemos ir a pé.
Aeroporto Nacional de Cusco
Não era um caminho longe, mas também não era perto, resolvemos ir andando para conhecer um pouco a cidade. Cusco é uma cidade bem peculiar, há muitas construções que não tem pintura externa, toda a cidade que não esta no centro histórico parece estar inacabada, na época que fomos o estádio ainda era um imenso esqueleto inacabado. Na verdade, a primeira ideia que tivemos, foi a de pegar um transporte público, chegamos a esperar um coletivo em uma parada suja na saída do aeroporto, mas após conversarmos, decidimos caminhar até o hostel.
Entrada para a cidade de Cusco
Mochilas na costas, pegamos o caminho pela extensa avenida Velasco Astete, sem googlemaps, fomos nos orientando da maneira antiga, pelo mapa de papel. O sol estava forte naquele dia, a rua parecia encardida, meus lábios sentiram o ar seco e começaram a rachar. Caminhávamos pelas calçadas e, a cada esquina, nos deparávamos com algum cocô de cachorro. Nenhum estabelecimento que víamos parecia se preocupar com limpeza do local, bem, não estávamos no centro turístico, estávamos vendo a Cusco real. Foram 5km de caminhada até o hostel, no meio do caminho nos deparamos com a concretização de algumas vias públicas, não sei se era uma reforma ou uma obra inicial, mas sei que o método deixaria qualquer obra de asfalto no Brasil com vergonha, na minha opinião aquela obra nunca mais iria precisar de reforma.
O primeiro hostel que ficamos ficava bem próximo daquilo que deveria ser o estádio. Pelo que me contaram lá,o Peru disputava com o Brasil para ser sede da copa do mundo de futebol de 2014, e eles estavam convictos da vitória, construindo antecipadamente alguns estádios de futebol, o de Cusco era um deles, ao perderem a disputa, as obras pararam e, até então, não tinham previsão de serem retomadas.
No Hostel, Casa Ananta, fomos atendidos muito bem, o local é um sobrado simples, mas bem organizado, valeu muito o preço, o pagamento seria feito no final da estadia. Enfim, estávamos em Cusco.
Vista da janela do quarto do hostel
Casas de Cusco, quase nenhuma com reboco ou pintura
Cidade de Cusco vista da janela do hostel
Para terminar o primeiro dia, tomamos um banho e saímos para procurar um lugar para lanchar.
O primeiro lugar turístico que conhecemos foi a Plaza Tupac Amaru, encontrada por acaso, andávamos pelas redondezas e avistamos essa praça com varias bandeiras e a homenagem a Tupac Amaru. Ficamos lá por alguns minutos, o frio começou a incomodar e então resolvemos procurar um restaurante, foi ai que, em uma esquina nada convidativa, nos deparamos com o restaurante Puntocoma, uma pequena porta de entrada com um tímido letreiro acima, bem rústico. Lá descobrimos que em Cusco quase todas as refeições tem batatas fritas (papas fritas), que a cerveja Cusquenha é bem saborosa e que o refri Inca Kola é mais vendido que a Coca Cola, a Nanda se apaixonou pelo refrigerante. Apesar do lugar bem simples e rústico, onde fumantes compartilham o mesmo espaço com não fumantes, é bem interessante, parece uma taberna, portanto não espere chiqueza, pois é praticamente um boteco. Jantamos, bebemos e fomos embora. E assim terminamos nosso primeiro dia.
Restaurante Puntocoma
Primeiro contato com Inca Kola
Cerveja de Cusco - Cusqueña

Resumo

Compras

Mochilas de viagem: Nord 65litros e 75 litros (Sem estoque)
( http://www.centauro.com.br/mochila-cargueira-nord-outdoor-65-litros-811868.html?cor=1B)
Sacos de dormir: Nord
(http://www.centauro.com.br/saco-dormir-nord-outdoor-rest.html?cor=04)

Agencias

Agencia de trekking - https://cuscoperuviajes.com

Hostels em Cusco

Casa da Ananta Family House - Booking.com - Calle Ramon Castilla 860 Wanchaq, 084 Cusco, Peru
http://www.familyhousecusco.com/
Casa Mirador de Carmenka Santana - Santana Hostel - Booking.com - Jr. Karmenqa 104 Cercado, Barrio de Santa Ana, Centro de Cusco, Cusco, Peru
http://www.santana-hostel.com/en/ 

Pontos turísticos visitados no dia

Plaza Tupac Amaru 

Restaurantes

Puntocoma

Dicas

  • Troque seu dinheiro na casa de cambio do aeroporto, pois é a mais confiável.;
  • Peça um mapa turistico da cidade no balcão de informações do aeroporto
Segundo dia (Clique aqui)

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